02. FODA-SE HARRIS
CAPÍTULO DOIS
❝ FODA-SE HARRIS ❞
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[Metas: 30 comentários e 50 curtidas para o próximo capítulo]
— SARAH, ISAAC E GRACE para o conselho. — ordenou a Sra. Gillian. — O resto de vocês, comece a resolver os exercícios em seus cadernos. — ela acrescentou.
E lá estava eu no meu terceiro dia de aula, mergulhada na minha dor de estômago porque não conseguia tomar café da manhã em casa desde que acordei tarde - graças ao meu despertador não tocar - e atordoada com a sequência de rabiscos escritos no quadro-negro dos quais eu não entendia absolutamente nada, quando de repente meu olhar foi capturado por uma figura nada familiar, mas bastante peculiar.
Ele era um menino. E tudo o que eu conseguia pensar era em quão bonito ele era, e então continuei tentando resolver o primeiro exercício, até que meu olhar caiu sobre ele novamente - que parecia tão confuso quanto eu com todas aquelas fórmulas - e novamente pensei que ele era realmente muito bonito.
Com o passar do tempo, meu olhar encontrou ele de forma mais consciente do que inconsciente. Todos estavam concentrados nos exercícios e ele estava quase todo deitado de costas, então era fácil o que eu estava fazendo passar completamente despercebido.
Foi estranho, pareceu estranho. Mais alguns minutos se passaram até que ele desistiu e pediu a professora que o deixasse sentar. Naquele momento, do nada, prendi a respiração durante o tempo que ele levou para ir do quadro-negro até seu lugar.
Ele usava jeans preto e um moletom azul escuro sobre uma camiseta cinza. Cerca de vinte centímetros mais alto que eu, cílios longos, cabelo castanho claro cacheado, bagunçado, mas não completamente. E olhos de um azul verdadeiramente hipnotizante. Era perfeito.
Levei vários minutos para entender, porque sou um pouco lenta para essas coisas e isso nunca tinha acontecido comigo antes; não dessa forma.
Certa vez li um livro sobre um escritor que estava em um momento de tédio na vida, mas um dia ele conheceu uma mulher que iluminou sua escuridão e trouxe um sorriso ao seu rosto, mesmo sem saber o nome dela. Naquele momento eu estava entendendo completamente tudo o que se passava na cabeça daquele personagem. Naquele momento ninguém conseguia me entender melhor do que ele.
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Vernon Boyd. Depois de uma semana basicamente perseguindo-o para que ele me dissesse seu nome, alcancei meu objetivo.
Boyd não era um garoto popular, muito menos sociável, mas era um cara legal com um senso de humor bem parecido com o meu. E bem, eu nunca fui alguém popular ou muito sociável. Mais por decisão minha do que qualquer outra coisa. Não sou totalmente hostil, mas para ser a primeira a iniciar uma conversa, preciso perceber algo específico sobre a existência de uma pessoa que me intriga. Algo que me faça querer perguntar.
Não que socializar fosse algo muito fácil para mim, mas também não era a coisa mais difícil do mundo, já que eu não odiava bater um papo com alguém novo de vez em quando. De qualquer forma, o objetivo era eu sair com pessoas novas, então eu não podia simplesmente deixar de fazer isso; Mas naquele momento Boyd era mais que suficiente.
Eu também não estava com pressa de conhecer todo mundo o mais rápido possível. Bom, honestamente, eu só tinha vontade de conhecer mais uma pessoa e sabia exatamente quem, mas ainda estava me preparando mentalmente para isso.
— Ele nem sabe seu nome, pare de pensar nisso. — murmurei baixinho só para mim enquanto colocava alguns livros dentro do meu armário, até perceber que tinha ouvido o sinal tocar minutos antes. — Demônios! — xinguei antes de começar a correr pelos corredores pensando no fato de que provavelmente já tinha levado uma detenção do Harris por não chegar na aula no horário. Eu odeio isso demais.
— Ei, Noelle... — ouvi a voz de Boyd me chamando.
— Tenho que correr, Harris vai me matar! — respondi um pouco alto porque a cada palavra eu me afastava mais dele. — Vejo você no terceiro período... — de uma hora para outra, senti como se minha mochila tivesse ficado presa em alguma coisa, puxando meu corpo para trás. — Sinto muito mesmo. — pedi desculpas, percebendo que havia trombado distraidamente com um garoto e jogado seus pertences no chão. Agachei-me rapidamente para ajudá-lo a reunir o que parecia ser equipamento para algum tipo de esporte.
— Sem problemas. Eu consigo resolver sozinho, você parecia estar com pressa. — ele acrescentou, agora também agachado.
— Certo, eu provavelmente já estou detida de qualquer maneira. Aqui está... — eu disse, entregando-lhe uma joelheira e o último objeto deixado no chão enquanto eu prestava atenção nele. — Uau... — abri a boca para dizer algo, mas fechei-a imediatamente e então cerrei o maxilar.
— Você está bem? — ele perguntou um pouco confuso enquanto fechava a mochila.
— Uhm... É, é só que... Seus olhos. — agora ele parecia um pouco preocupado, ele provavelmente pensou que tinha algo no rosto. — Eles são muito azuis. — você realmente precisava dizer isso? — Eu, desculpe... Nunca vi olhos tão azuis. — apertei os lábios nervosamente, quase num sorriso, era hora de parar de falar. — E isso soou muito estranho... — eu assenti, meu rosto cheio de desconforto. — Sim, muito estranho... Acho que é hora de ir. — acrescentei, girando nos calcanhares e começando a me afastar dali.
— Ei. — parei de repente quando ouvi sua voz e depois de um segundo me perguntando se ele estava falando comigo ou com outra pessoa, decidi me virar. — Eu sou Isaac. — ele acrescentou com um meio sorriso mal visível no rosto.
Não consegui deixar de sorrir timidamente, mas também não consegui negar minha excitação.
— Noelle. — assenti, ainda sorrindo, antes de continuar meu caminho para a aula de Química.
Foda-se Harris e sua punição. Nada mais poderia estragar meu dia.
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